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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

GRUPO EDUCA-AÇÃO - EDUCAÇÃO PARA CULTURA DA PAZ, UM ENSINO COMPATÍVEL COM A ESCOLA

EDUCAÇÃO PARA CULTURA DA PAZ
UM ENSINO COMPATÍVEL COM A ESCOLA

O ano de 2010 foi proclamado pelas Nações Unidas como o Ano Internacional de Aproximação das Culturas. As rotas de diálogo intercultural, a nova versão das histórias gerais e regionais e o encontro entre as civilizações são alguns dos enfoques deste ano, que encerra a Década Internacional para uma Cultura de Paz e Não-Violência, proposta igualmente pelas Nações Unidas para o começo do terceiro milênio – 2001-2010.
A decisão impulsionou avanços em todo o mundo, no sentido de aproximação cultural. A própria Unesco (organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) criou diversos programas de superação dos fatores que causam preconceito, exclusão, discriminação, inimizade, injustiça e violência entre indivíduos, culturas e religiões.
Dentro deste contexto, vários episódios recentes avivaram a discussão sobre a violência, a discriminação, a intolerância presente em nossas escolas.
É importante ressaltar que a escola é o lugar de um processo permanente, que poderíamos chamar, num sentido bem amplo, de "alfabetização". A escola ensina a ler, não só textos escritos, cada vez mais complexos, mas o mundo em que vivemos; ela ensina a compreender o nosso ambiente, a "ecologia humana" na qual estamos todos envolvidos.
Não há dúvida de que para contribuir com o específico de uma agência cultural como é o caso da escola, a Cultura da Paz é um dos fundamentos que propicia ações que valorizam a diversidade, o respeito as diferenças e possibilita fomentar a consciência de uma história, de um presente e de um destino entrelaçados para a humanidade.
Educar para a Paz é um dos grandes desafios de nossa sociedade, pois vivemos em uma cultura individualista e consumista.
Diante dessa realidade que não dá lugar para valores como solidariedade, tolerância, respeito as diferenças; a generosidade e humildade estão cada vez mais distantes das nossas crianças, jovens e das famílias.
As famílias hoje, acabam tendo dificuldades de exercer o papel de educadores diante da influência crescente da mídia e de comportamentos incoerentes entre o que dizem e o que fazem, enfraquecendo a autoridade parental e fragilizando os laços familiares. A inserção dos pais no mercado de trabalho, as diferentes tarefas impostas aos filhos, faz com que os momentos de lazer na maioria das famílias se tornem cada vez menos freqüentes e, não raro, o diálogo e o afeto são substituídos por bens materiais. Nossas crianças não brincam mais, as brincadeiras infantis foram substituídas pela era de apertar botões.
A Paz, todavia é ensinável e certamente passa pela construção e o fortalecimento dos laços familiares, dos quais demandam ações como afirmação da identidade pessoal e cultural, vivência, reflexão e respeito aos valores éticos universais, educação ambiental, sensibilização quanto a questões étnicas e de gênero, mobilização e promoção do bem estar coletivo, bem como aprendizado para que os conflitos sejam resolvidos de forma pacífica e não de forma violenta.
A construção da Paz constitui-se numa tarefa primordial e interativa de cada ser humano, pois somos todos sujeitos da vocação da Paz. Ao mesmo tempo em que a violência é aprendida, a paz é ensinável.
"Pensar em uma Cultura de Paz exige a necessidade de transformações (...) indispensáveis para que a paz seja o princípio governante d todas as relações humanas e sociais que vão desde a dimensão de valores, atitudes e estilos de vida, até a estrutura econômica e jurídica e a participação cidadã" (Freizi Milani, 2003, p. 31 apud Jornal Mundo Jovem).
É nessa perspectiva que a família e escola podem e devem trabalhar com seus filhos e educandos, crianças e jovens de toda a comunidade escolar, buscando formas de inculcar mensagens atitudes positivas, centradas nas potencialidades e não nas fragilidades do sujeito.
Valorizar pequenos gestos de amizade, saber ouvir com atenção, respeitar opiniões diversas, visando ao equilíbrio nas relações, preservando o espaço e a autonomia do jovem. Compadecer-se dos tristes e solitários, ter ressonâncias humanas. Favorecer o protagonismo juvenil implica reconhecer o jovem como sujeito do seu próprio processo de desenvolvimento, o que exige o acompanhamento pela família e pela escola, que assume novas formas de contemporaneidade.
O maior desafio para que nossas crianças e jovens experimentem o sentimento de pertença a escola é fazer com que o diálogo e o afeto façam parte do cotidiano, pois, "para saber ensinar, basta saber amar" (Ruben Alves).
Esta abertura que educa para Paz, exige compreensão, flexibilidade para aceitar o novo, reciprocidade e respeito a valores que constantemente semeados possibilitam uma relação de confiança e enriquecedora para o bem estar de todos os envolvidos no processo de educação.
Parece que estamos diante de uma oportunidade preciosa, semear a Paz; que pode fazer de um imenso bem à educação e ao mundo tão necessitado de reconciliação. Mas teríamos que fazer isso com profunda honradez, com um testemunho no qual o discurso se alia a prática, por ser essa a nossa verdadeira essência e não por uma manobra estratégica. Ser mensageiro da Paz não é concessão ao mundo, é corresponder, da melhor maneira possível, ao projeto de quem criou o universo.

Pelotas, 30 de junho de 2010.

Profª. Dora Mara de Almeida Domingues
GRUPO "EDUCA-AÇÃO"
Promotoria da Justiça da Infância e da Juventude.

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