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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

GRUPO EDUCA-AÇÃO - SALA DE AULA E PROJETO: ESPAÇO DE PARTICIPAÇÃO, VIVÊNCIAS E DISCIPLINA

A sala de aula é um espaço que pode ter dimensões diferentes das que conseguimos ver. É espaço de convivência e pode ser também, espaço de vivências sem limites quando aos partícipes é permitido extrapolar suas paredes e seus assuntos pré-determinados. Nesse espaço extrapolam-se os muros escolares e o ato de educar torna-se um ato de interação, respeito e coerência, pois, como assinala Freire: "a autoridade coerentemente democrática está convicta de que a disciplina verdadeira não existe na estagnação, no silêncio dos silenciados, mas no alvoroço dos inquietos, na dúvida que instiga, na esperança que desperta". (1999, p.102)
Com este olhar a sala de aula deixa de ser apenas um espaço dentro da escola, construído com janelas (geralmente com grades e cortinas); organizado com mesas e cadeiras iguais (às vezes estragadas, às vezes riscadas) e gentes (normalmente enfileiradas), para tornar-se um espaço ilimitado de curiosidade, desejos e alvoroço.
Nas atividades realizadas através de projetos além do trabalho reflexivo realizado pelos professores, há um reaproveitamento do espaço e da organização da Escola que contribui para o êxito das experiências pedagógicas: as classes passam a ser dispostas de forma que os estudantes possam estar em grupos, locomover-se de forma "autorizada" e assim, consigam reinventar as convenções da escola tradicionalmente organizada onde o conhecimento é propriedade do professor, o aluno é receptor e o espaço controladamente disponibilizado, trazendo para sala de aula suas experiências e suas curiosidades.
Alarcão (2001, p.27) nos diz que: "... se quisermos mudar a escola, devemos assumi-la como organismo vivo, dinâmico... capaz de aprender a construir conhecimento sobre si próprio..." o que reforça minha idéia do quanto é importante a escolha do tema, do material, da forma como trabalhar, tornando, assim, os alunos mais interessados, participantes e felizes por não perderem tempo e por sentirem que na escola também se vive.
Assim, utilizando diferentes linguagens o professor pode apresentar e desenvolver temas junto com os estudantes propiciando aos mesmos o reconhecimento como cidadãos, sujeitos históricos, autônomos e, portanto, também responsáveis pelos temas estudados.
Avalio a importância do trabalho docente e o quanto se faz necessária a reflexão e o repensar da prática cotidiana, pois trabalhar com projetos é uma prática possível e até necessária como alternativa para atender expectativas e sonhos dos estudantes, despertar seus encantamentos e como estimulador de atitudes de convivência gentil e afetiva.
A ação e a reflexão da ação, que leva a um pensar acerca do conjunto do trabalho de sala de aula que deve ser acompanhado de pensamento crítico são fatores que podem garantir à escola, o lugar de destaque que ela merece um lugar de formação, informação, alegria e prazer.
Quando a escola tem, em seus professores pensadores e indagadores, começa a mostrar-se para a sociedade como uma instituição humana com espaços de produção, de criação, de relação que pode fazer valer a vontade de todos os envolvidos nas ações pedagógicas, sem preconceitos, com muito profissionalismo e afetividade. Assume, então, esse professor, de forma humana e histórica, sua subjetividade, sua realidade e seu papel de eterno construtor de possibilidades, passando pelo processo camaleônico que desencadeia reflexão de si.
As máscaras e proteções que marcam nossos olhares na escola fazem, muitas vezes, com que realizemos frequentemente, mais uma "flexão" (no sentido de dobrar-se diante de uma situação imutável e/ou inevitável) com relação às nossas ações. Flexionamos nossos olhares para gostar ou não gostar do que estamos fazendo - o que pode nos levar a desistir ou persistir de uma ação ou situação - mas, antes de nos dobrarmos diante de aparentes evidências, é preciso que façamos uma reflexão crítica do nosso papel e de nossa ação na situação em questão.


Referências Bibliográficas
ALARCÃO, Isabel (org.). Escola Reflexiva e Nova Racionalidade. Porto Alegre. ArtMed, 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários à prática Educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

Professora Alice Szezepanski
Grupo Educa-Ação

Um comentário:

  1. Boa noite! Gostaria de saber como posso participar do grupo. Se não for incômodo, mandar a resposta para o endereço - luciaslls@gmail.com.
    Grata desde já.

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