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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

GRUPO EDUCA-AÇÃO - INCLUSÃO DE QUEM?

INCLUSÃO, DE QUEM?

Fala-se muito em inclusão, discutem-se seus benefícios, tanto para os alunos especiais como para os ditos normais e inúmeros estudos têm comprovado que este é o melhor caminho para garantir desempenho e aprendizagem satisfatórios. Mas, gostaria de abordar o termo "inclusão" em um sentido mais amplo.
Pensando na realidade escolar atual, no perfil da escola pública brasileira do século XXI, questiono se não temos muitos "excluídos" neste universo.
Quantos alunos estão, de fato, inseridos no processo de aprendizagem?
Quando falamos naqueles que não conseguem aprovação porque não têm as condições sociais básicas de sobrevivência digna, não estamos presenciando uma forma de exclusão?
Quando encontramos crianças que estão assumindo papéis de adulto no cuidado da casa e dos irmãos menores, e até na luta diária pelo sustento, e por isso não cumprem todas as tarefas escolares, não estamos diante de lacunas que precisam ser preenchidas?
Quando acompanhamos programas de alfabetização que desconhecem as questões sociais que estão por trás dos fracassos, não estamos praticando exclusão?
Quando só buscamos tecnologias para permitir o acesso de portadores de deficiências ao processo de aprendizagem, estamos promovendo inclusão?
Como educadores, temos algum poder nas mãos para promover uma mudança social; temos a obrigação de quem lida com mentes e pensamentos, de provocar uma reflexão.
Sendo assim, verificamos que são muitos os questionamentos que nos fazem ter uma visão crítica sobre o que realmente significa inclusão.
Recorrendo ao dicionário a definição nos diz: "colocar dentro". Então, ampliando nosso entendimento, estar dentro do sistema educacional, vivenciar a experiência de aprendiz, no verdadeiro sentido, significa ter resolutividade, estar inserido, apresentar produção e comprovar a aprendizagem e a capacidade adquirida de transformar o mundo que o cerca.
Este é o ponto de maior reflexão: qual a postura da escola para receber indistintamente TODOS os alunos.
Um ambiente de fato acolhedor, que saiba reconhecer as potencialidades de cada um, que não se limite ao óbvio, que vá atrás do que é realmente significativo, que resgate o encantamento pelo aprendizado, que traga um conteúdo real, "pé no chão", que possa mostrar ao estudante como fazer a diferença por ter adquirido um conhecimento capaz de torná-lo competente na sua vida futura diante das solicitações que se apresentarem.
Com estas colocações, podemos voltar ao título: Inclusão de quem?
Escola verdadeiramente inclusiva é aquela que não faz nenhum tipo de distinção, que estabelece suas diretrizes, as torna públicas, e acolhem todos aqueles que buscam o saber; que reconhece o valor das aprendizagens prévias e sabe caminhar junto com as famílias ( ou seus substitutos ) sem fazer juízos, visando somente o crescimento dos alunos como indivíduos capazes de assumir o comando de suas vidas, fazendo escolhas que os levem a um futuro feliz.
Não podemos desconhecer que esta escola não está aí, disponível em qualquer esquina, mas, ao mesmo tempo, temos de reconhecer que existe uma caminhada em processo, que várias iniciativas têm proporcionado oportunidades de crescimento a gestores e educadores conscientes de seu relevante papel no cenário estudantil, que o trabalho com educação NUNCA está terminado, que a vida escolar exige abertura ao novo, adaptações, superações, desacomodações e, acima de tudo, pessoas que realmente estejam comprometidas com a INCLUSÃO em sentido maiúsculo, onde o maior objetivo seja, simplesmente, a formação de todos como "gente", no verdadeiro e amplo sentido desta palavra, com valores humanos incluídos e com a certeza de que ocuparão um lugar significativo na sociedade porque passaram por uma escola que lhe deu bagagem e valeu a pena.

PSICÓLOGA Lúcia Valente Elias - Grupo EDUCA AÇÃO

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