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segunda-feira, 14 de março de 2011

SEMINÁRIO NO MP

Grupo Amigo Bicho & Companhia da SVB/Rio Grande e SOS Animais Pelotas convidam:


I Seminário Regional Sobre Controle Populacional de Cães e Gatos: Vivendo o Século XXI



A despeito do Rio Grande do Sul possuir legislação específica, moderna e ética versando sobre a questão do controle populacional de animais domésticos, pouco ou nada está sendo feito na maioria dos municípios gaúchos no sentido de promover a implantação dessa lei. Também é fato que a maioria esmagadora dos ativistas gaúchos desconhece a lei estadual que proíbe a captura e o extermínio como forma de controle populacional.

Assim, este seminário objetiva trazer informações atualizadas sobre legislação e direitos animais, além de mostrar a experiência exitosa da Argentina na adoção de políticas públicas éticas e eficazes no controle da superpopulação de cães e gatos nos centros urbanos.

Compareça! Divulgue!

25 de março de 2011, em Pelotas / RS

Auditório das Promotorias de Justiça

Rua 29 de junho, 80 (Areal)

Mais info: controlepopulacional@gmail.com - (53) 8116.462226 de março de 2011, em Rio Grande / RS

Plenário da Câmara Municipal

Rua Gal. Vitorino, 441 (Centro)

Mais info: controlepopulacional@gmail.com - (53) 9976.6728

Programação - Das 17h às 22h



• Sandra Herreras Royo: Aspectos Jurídicos do Controle Populacional



• Vanilda Moraes Pintos: Comércio de Animais: Quanto Vale Uma Vida?

• Marisa Antoniazzi: Controle Populacional em Almirante Brown, Argentina: Exemplo Para a América Latina

terça-feira, 1 de março de 2011

GRUPO EDUCA AÇÃO - A EDUCAÇÃO À LUZ DA FILOSOFIA DIALÉTICA

Trataremos aqui do tema educação à luz da filosofia dialética observando como a práxis educativa pode ocorrer na escola através de um processo dinâmico onde co-existem a contradição e o diálogo.
Constata-se no cotidiano da escola, o aumento da violência. Inúmeras são as ações para dirimi-la. Questiona-se então como a práxis educativa está ocorrendo. Será numa comunicação dialógica? A violência mantém-se na escola devido à contradição?
Muitas vezes o Gestor e o Orientador Educacional, recorrem a outras instâncias para o assessoramento aos problemas de violência na escola. O Ministério Público de Pelotas, através do Projeto Escola Luz, criou o Grupo Educa-Ação, nome que sugeri e que foi escolhido pelos colegas, visando atender essa realidade. O Grupo Educa-Ação desde junho do corrente ano voluntariamente tem assessorado as escolas que o procuram para tal e o mesmo desenvolvido uma ação dialógica com estudos, discussões e feed-back da ação empreendida visando dar respostas à comunidade escolar sobre a ação realizada.
Mas, para que se possa estabelecer uma práxis pedagógica de forma dialética é necessário inicialmente entender-se o significado do termo dialética. O referido termo é oriundo do grego (διαλεκτική (τέχνη) e do latim dialectĭca. O prefixo “dia” dá idéia de reciprocidade ou de troca: dialegein, que quer dizer, trocar palavras ou razões, conversar ou discutir. O substantivo dialectike, é a arte da discussão.(FOULQUIÉ, Paul, Dialética.Gráfica Europan, 1979: 9).
Na Grécia Antiga, a dialética era considerada a arte do diálogo, da contraposição e contradição de idéias que encaminha para outras idéias. Com o tempo passou a ser reconhecida como a arte de dialogar, discutir. Portanto, na escola, a práxis educativa baseada na discussão não pode ser vista como violência, mas como um dos caminhos para a apresentação de idéias de modo a estabelecer-se na escola, na sala de aula, etc., um processo que é dinâmico e circular, visto que deverá ter um retorno, um início que coincide com o que se entende por fim.
A dialética entendida como discussão, se mostra como algo onde existe a contraposição de idéias. A idéia inicial, denominada tese é contestada por uma idéia oposta, ou antítese. De ambas é retirada uma outra idéia, a síntese.
Heráclito, filósofo grego, dizia que: “Tudo muda tão rapidamente, que não é possível banhar-se duas vezes num mesmo rio.” Portanto, esse filósofo, referia-se ao movimento como uma constante fazendo analogia ao movimento da água. O movimento pode ser entendido assim, como o atributo fundamental das coisas, sua substância. Nesse sentido então pode relacionar-se essa idéia com a realidade. “A realidade não é apenas Ser, ela não é, por igual, apenas Não-Ser. A realidade é uma tensão que liga... Ser e não-Ser” (CIRNE-LIMA, Dialética para principiantes. Porto Alegre: EDIPUCS, 1996, p. 19. In: SOUZA, G. ‘ Dialética – Resumo histórico e conceit uação’ (Disponível on line em: www.scielo.br/pdf/es/v20n66/v20n66a6.p. Acesso em : 25/03/09.)
Pode-se também reconhecer em Sócrates a utilização da dialética no método de ensino que desenvolvia com seus interlocutores dividido em ironia (interrogação) e maiêutica (parturição das idéias). No pensamento de Aristóteles a encontramos no desenvolvimento do princípio da identidade e ao priorizar a estética. Aristóteles criou a lógica formal que foi aplicada até a modernidade.
A dialética é reconhecida em diversos pensadores. Georg Wilhelm Friedrich Hegel desenvolveu o idealismo e dividiu a dialética em tese (argumento), antítese (contra-argumento) e síntese, sendo esta última, a superação das anteriores e o começo de um novo processo.
Segundo ABBAGNANO (1998, p. 273): ”Na filosofia moderna e contemporânea a palavra dialética, tem na maioria das vezes, o significado hegeliano.” Segundo o autor citado, no primeiro caso, “é conservado pelas numerosas ramificações do Idealismo romântico”. No segundo, “é adotado por pontos de vista diferentes, mas que utilizam a noção em que este se baseia.”
Muitos outros pensadores estão ligados à dialética. Dentre eles, Karl Marx (1818-1883), que reformulou o conceito de dialética em Hegel, voltando-o para as lutas de classes. Sua influência é indiscutível na dialética materialista ou materialismo dialético mostrando as contradições da realidade. Não se pode deixar de mencionar que pensadores como: Lênin (1870-1922), György Lukács (1885-1971), Antônio Gramsci (1891-1937) e Sartre (1905-1980), dentre outros, desenvolveram o pensamento na perspectiva dialética.
Para SOUZA, G. (op. cit.), no Brasil a dialética iniciou com Vieira Pinto na década de 1950-60 e formou dois grupos: O primeiro, sem o enfoque existencialista e fenomenológico presentes em sua origem, representado por Saviani com a pedagogia histórico-crítica. O segundo, apresentado por Paulo Freire, constituído pelos elementos existencialistas e fenomenológicos que influíram no pensamento de Vieira Pinto.
Carlos R. Jamil Cury, em seu livro ‘Educação e Contradição’, página 30, parágrafo II, citado por Elias GALVÊAS, refere-se a dialética como segue:

“(...) a realidade no seu todo subjetivo-objetivo é dialética e contraditória, o que implica a centralidade desse conceito na metodologia proposta. A contradição sempre expressa uma relação de conflito no devir do real. Essa relação se dá na definição de um elemento pelo que ele não é. Assim, cada coisa exige a existência do seu contrário, como determinação e negação do outro. As propriedades das coisas decorrem dessa determinação recíproca e não das relações de exterioridade” (Disponível no site: maxpages.com/elias/Dialetica_na_Praxis_Educativa). Acesso em: 25/03/09).

Nesse sentido é que a escola deve conhecer e trabalhar os elementos que co-existem na contradição estabelecendo uma comunicação dialógica com alunos, professores e pais.

Mara Sirlei Lemos Peres
IF-SUL/CME/Grupo Educa-Ação

GRUPO EDUCA-AÇÃO - A ÉTICA, A HISTORIZAÇÃO NA CONSTRTUÇÃO DA NOSSA BRASILIDADE

A moral como construção humana, enquanto concepções sobre o bem e o mal, constroem-se a partir do ser humano na sua inserção social, sofrendo transformação ao longo da história e caracteriza-se por ser uma construção histórica, baseado em conceitos como: o bem, a liberdade e a virtude, sendo mutáveis dentro de uma perspectiva de espaço e tempo, na relação direta de individuo e coletividade, como também na dominação de um grupo hegemônico.
Ao longo da história, os cientistas e filósofos estudam o homem e procuram dar uma definição aceitável de sua globalidade: natureza, origem e fim último e é a partir da indagação antropológica, que se procura dar conta da dimensão humana. A preocupação com os problemas éticos teve inicio de uma forma mais sistematizada a partir da tradição grega centrada na razão e na sua superioridade dos seus valores, com Sócrates, Platão e Aristóteles, simbolizando o intelectualismo da época, já na Idade Média, adota-se uma atitude teocêntrica dos autores cristãos, que trabalharam o tema liberdade, onde sua máxima é o do livre arbítrio, significando a escolha entre o bem e mal e obviamente que os clássicos da cultura grega serviram como instrumentalização para as bases desse conhecimento. Com inicio da modernidade, busca-se uma orientação antropocêntrica: o homem é o ponto de partida da investigação filosófica, cuja análise e problemas são estudados no sentido de descobrir que é esse homem, buscando o sentido profundo, último e completo do homem.
A importância de ver a perenização de forma presente a partir do resgate cultural de três referencias histórica, e esses são judeus: Jesus, Marx e Freud, Jesus trabalhou o tempo histórico como construção do reino de Deus, e fez ligação entre o princípio, o paraíso e o fim, a escatologia, o Apocalipse, a nossa vinda.
Marx pode entender os vários modos de produção, a partir do resgate histórico desses modelos. O Freud, só pode entender o desequilíbrio de uma pessoa, resgatando sua história, inclusive os porões do seu inconsciente.
Um referencial teórico nosso é frei Betto, segundo ele em um dos seus escritos "Pós-modernidade e Novos Paradigmas", a contemporaneidade é marcada por mudança da época, da globalização ou também para o neocolonial ismo, que não é novo, pois permanece a sua essencialidade, que é a imposição ao mundo de uma única determinada cultura e concepção de vida. A hegemonia dessa sociedade e precisamente no Brasil, foi sentida a crise da modernidade e da sociedade. Essa crise é sentida a partir dos cincos pilares: o Estado, a família a escola, igreja e o trabalho, causando angustia, por não sentirmos sintonizados, normais. "Enfrentamos um processo de desistorização do tempo, pois só conhecemos a história dos vencedores, comemoramos, por exemplo, os 500 anos, da vitória dos portugueses, sem estarmos identificados ou inseridos nesse fazer memória, ou Celebração". Surge então a nossa dificuldade nessa crise de passagem da modernidade para pós-modernidade, onde valores como a ética na cultura ocidental e que a principio foi uma das maiores conquistas e por falta de temporalidade nossa, perdeu-se a projeção, prospecção, estratégia, sem a concepção de tempo como história.
Outra questão importante é a "Erotização Precoce da Criança", transformando-a em consumidores, pois quando se consegue que uma criança de (04) a (05) anos preste demasiada atenção ao próprio corpo, ela entra na perspectiva do desejo, do consumo, transformando-a em uma esquizofrenia, porque é biologicamente infantil e psicologicamente adulta. Um simulacro de adulto. Diante do exposto essa criança sob uma perspectiva consumista, chega à sua puberdade com enorme insegurança, como o real é assustador, ela então se aproxima do traficante de drogas, dependendo da química para continuar sonhando, o que as leva seguramente a síndrome da juventude eterna e pereniza então o presente nessa juventude.
Por não termos a nossa história presente, é que defende alguns autores, como professor Milton Santos, afirmando que o nosso projeto de sociedade, está, hoje, ancorado em bens finitos, quando o projeto de felicidade humana deveria estar ancorado em bens infinitos. A nossa frustração é que os bens finitos são finitos, e o desejo é infinito. Quando centrado em bens finitos, o desejo não encontra satisfação, quando na verdade os bens da dignidade, da ética, da liberdade, são infinitos, como a paz e o amor.
A perda da dimensão histórica do tempo faz com que não tenhamos valores, como a consciência e o espírito, o que nos faz perder a nossa brasilidade, e que seguramente a cultura da perda do valor, como fator de humanização, transforma cidadãos a meros consumidores, do "Ter" em detrimento do "Ser".
A luta pela nossa historicidade também tem como defensor o incansável, pedagogo Paulo Freire, que é um daqueles seres humanos que entram na história para nunca mais sair. Pela simplicidade, dedicação, persistência e empenho com que tratou a educação, e continua presente em todos os lugares, na discussão e transformação da realidade, dentro e fora do Brasil. A sua grande descoberta, já no final da década de 1950, foi que aprendemos a ler o mundo que nos cerca, antes mesmo das palavras e frases. A partir daí tornou-se o grande pedagogo, amigo e militante das lutas sociais.
O caminho indicado para aprender a ler o mundo a partir da ótica política seria a luta, por isso não só declarou que "todos sabem alguma coisa", como também despertou na geração de seu tempo e posteriores a esperança de mudar o mundo. Conjugou como se fossem verbos às palavras "esperança e liberdade" e as interligou na prática revolucionária de cada dia, sendo o exemplo de ética revolucionária, no sentido de revólver, ou transformar o mundo que nos cerca, enquanto sujeitos históricos.
Portanto, a história não esta dada, é preciso buscar-mos um novo olhar, que passa pela educação, pela historicidade e a democracia, como formas de trabalharmos a nossa eticidade com sensibilidade, que seguramente esta baseada na alteridade, no afeto de forma efetiva e para isso precisamos continuar filosofando na tentativa dessa fundamentação, desconsiderando a globalidade do mundo vivido e suas decisões arbitrárias e lá na ponta possamos reafirmar que: (... Um outro mundo é possível.)



Francisco Carlos Galho Arduim
ASUFPEL/CMSPel - Grupo Educa-Ação