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terça-feira, 1 de março de 2011

GRUPO EDUCA-AÇÃO - A ÉTICA, A HISTORIZAÇÃO NA CONSTRTUÇÃO DA NOSSA BRASILIDADE

A moral como construção humana, enquanto concepções sobre o bem e o mal, constroem-se a partir do ser humano na sua inserção social, sofrendo transformação ao longo da história e caracteriza-se por ser uma construção histórica, baseado em conceitos como: o bem, a liberdade e a virtude, sendo mutáveis dentro de uma perspectiva de espaço e tempo, na relação direta de individuo e coletividade, como também na dominação de um grupo hegemônico.
Ao longo da história, os cientistas e filósofos estudam o homem e procuram dar uma definição aceitável de sua globalidade: natureza, origem e fim último e é a partir da indagação antropológica, que se procura dar conta da dimensão humana. A preocupação com os problemas éticos teve inicio de uma forma mais sistematizada a partir da tradição grega centrada na razão e na sua superioridade dos seus valores, com Sócrates, Platão e Aristóteles, simbolizando o intelectualismo da época, já na Idade Média, adota-se uma atitude teocêntrica dos autores cristãos, que trabalharam o tema liberdade, onde sua máxima é o do livre arbítrio, significando a escolha entre o bem e mal e obviamente que os clássicos da cultura grega serviram como instrumentalização para as bases desse conhecimento. Com inicio da modernidade, busca-se uma orientação antropocêntrica: o homem é o ponto de partida da investigação filosófica, cuja análise e problemas são estudados no sentido de descobrir que é esse homem, buscando o sentido profundo, último e completo do homem.
A importância de ver a perenização de forma presente a partir do resgate cultural de três referencias histórica, e esses são judeus: Jesus, Marx e Freud, Jesus trabalhou o tempo histórico como construção do reino de Deus, e fez ligação entre o princípio, o paraíso e o fim, a escatologia, o Apocalipse, a nossa vinda.
Marx pode entender os vários modos de produção, a partir do resgate histórico desses modelos. O Freud, só pode entender o desequilíbrio de uma pessoa, resgatando sua história, inclusive os porões do seu inconsciente.
Um referencial teórico nosso é frei Betto, segundo ele em um dos seus escritos "Pós-modernidade e Novos Paradigmas", a contemporaneidade é marcada por mudança da época, da globalização ou também para o neocolonial ismo, que não é novo, pois permanece a sua essencialidade, que é a imposição ao mundo de uma única determinada cultura e concepção de vida. A hegemonia dessa sociedade e precisamente no Brasil, foi sentida a crise da modernidade e da sociedade. Essa crise é sentida a partir dos cincos pilares: o Estado, a família a escola, igreja e o trabalho, causando angustia, por não sentirmos sintonizados, normais. "Enfrentamos um processo de desistorização do tempo, pois só conhecemos a história dos vencedores, comemoramos, por exemplo, os 500 anos, da vitória dos portugueses, sem estarmos identificados ou inseridos nesse fazer memória, ou Celebração". Surge então a nossa dificuldade nessa crise de passagem da modernidade para pós-modernidade, onde valores como a ética na cultura ocidental e que a principio foi uma das maiores conquistas e por falta de temporalidade nossa, perdeu-se a projeção, prospecção, estratégia, sem a concepção de tempo como história.
Outra questão importante é a "Erotização Precoce da Criança", transformando-a em consumidores, pois quando se consegue que uma criança de (04) a (05) anos preste demasiada atenção ao próprio corpo, ela entra na perspectiva do desejo, do consumo, transformando-a em uma esquizofrenia, porque é biologicamente infantil e psicologicamente adulta. Um simulacro de adulto. Diante do exposto essa criança sob uma perspectiva consumista, chega à sua puberdade com enorme insegurança, como o real é assustador, ela então se aproxima do traficante de drogas, dependendo da química para continuar sonhando, o que as leva seguramente a síndrome da juventude eterna e pereniza então o presente nessa juventude.
Por não termos a nossa história presente, é que defende alguns autores, como professor Milton Santos, afirmando que o nosso projeto de sociedade, está, hoje, ancorado em bens finitos, quando o projeto de felicidade humana deveria estar ancorado em bens infinitos. A nossa frustração é que os bens finitos são finitos, e o desejo é infinito. Quando centrado em bens finitos, o desejo não encontra satisfação, quando na verdade os bens da dignidade, da ética, da liberdade, são infinitos, como a paz e o amor.
A perda da dimensão histórica do tempo faz com que não tenhamos valores, como a consciência e o espírito, o que nos faz perder a nossa brasilidade, e que seguramente a cultura da perda do valor, como fator de humanização, transforma cidadãos a meros consumidores, do "Ter" em detrimento do "Ser".
A luta pela nossa historicidade também tem como defensor o incansável, pedagogo Paulo Freire, que é um daqueles seres humanos que entram na história para nunca mais sair. Pela simplicidade, dedicação, persistência e empenho com que tratou a educação, e continua presente em todos os lugares, na discussão e transformação da realidade, dentro e fora do Brasil. A sua grande descoberta, já no final da década de 1950, foi que aprendemos a ler o mundo que nos cerca, antes mesmo das palavras e frases. A partir daí tornou-se o grande pedagogo, amigo e militante das lutas sociais.
O caminho indicado para aprender a ler o mundo a partir da ótica política seria a luta, por isso não só declarou que "todos sabem alguma coisa", como também despertou na geração de seu tempo e posteriores a esperança de mudar o mundo. Conjugou como se fossem verbos às palavras "esperança e liberdade" e as interligou na prática revolucionária de cada dia, sendo o exemplo de ética revolucionária, no sentido de revólver, ou transformar o mundo que nos cerca, enquanto sujeitos históricos.
Portanto, a história não esta dada, é preciso buscar-mos um novo olhar, que passa pela educação, pela historicidade e a democracia, como formas de trabalharmos a nossa eticidade com sensibilidade, que seguramente esta baseada na alteridade, no afeto de forma efetiva e para isso precisamos continuar filosofando na tentativa dessa fundamentação, desconsiderando a globalidade do mundo vivido e suas decisões arbitrárias e lá na ponta possamos reafirmar que: (... Um outro mundo é possível.)



Francisco Carlos Galho Arduim
ASUFPEL/CMSPel - Grupo Educa-Ação

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