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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

CONCURSO NA CÂMARA MUNICIPAL DE PELOTAS

O Ministério Público recebeu reclamação contra o concurso público realizado recentemente pela Câmara de Vereadores de Pelotas. Segundo os seis reclamantes, em diversos locais onde as provas foram aplicadas teria havido o fechamento dos portões antes do horário previsto no Edital. A 2ª Promotoria de Justiça especializada requisitará informações à Câmara sobre os fatos, para analisar quais as providências poderão ser tomadas.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Natal solidário para as crianças do projeto Caminhar

Na última segunda, 20, as crianças abrigadas na Casa da Criança e do Adolescente do Capão do Leão, participantes do projeto Caminhar, receberam uma festa de Natal organizada pelas coordenadoras do projeto em parceria com o Peruzzo Praia.
Cada criança escreveu duas cartas para o Papai Noel: uma foi adotada por membros e amigos do projeto e a outra pelo Peruzzo. No dia 20, as crianças e adolescentes do projeto Caminhar tiveram uma tarde de confraternização com guloseimas e a presença do Papai Noel que trouxe os presentes tão esperados.
Para Cintia Mendes assistente social e uma das coordenadoras do projeto “Esse tipo de ação é fundamental para as crianças, para eles qualquer momento desses é de muita alegria, nos sentimos realizados com o projeto. Na maioria das vezes esquecemos de ver a realidade dos outros e ver o quanto podemos ajudar”.
O projeto Caminhar foi lançado no dia 17 de agosto, no Capão do Leão, e é uma parceria entre a Prefeitura Municipal, 3ª Promotoria de Justiça de Pelotas – Infância e Juventude – e o professor de artes marciais Eduardo Stein Teixeira, que oferece aulas de Karate do Wado Ryu, duas vezes por semana para crianças abrigadas na casa da Criança e do Adolescente do Capão do Leão que ainda participam de rodas de conversa com temas como drogas, meio ambiente e sexualidade e passeios educativos tudo organizado pelas coordenadoras do projeto Cintia Mendes e Daniela Fossati.

Equipe do Projeto

Crianças e adolescentes do abrigo e equipe do Projeto



sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

GATOS DO CASARÃO DA LOBO DA COSTA

O trabalho de voluntários, de integrantes da ONG SOS Animais e da Médica Veterinária Lorena Coll está ajudando a salvar a vida de inúmeros gatos que viviam no porão e em instalações abandonadas de um Casarão da Rua Lobo da Costa, em Pelotas. Com autorização dos proprietários da casa e com auxílio financeiro oriundo de um acordo judicial firmado pelo Ministério Público, estão sendo feitas a descontaminação do local e a retirada paulatina dos gatos que ali se encontravam, muitos deles recém nascidos. Estima-se que vários gatos já tenham falecido no local em virtude das péssimas condições sanitárias. Os felinos adultos estão sendo castrados para evitar o descontrole populacional, enquanto que os filhotes foram encaminhados à adoção.  O trabalho ainda não está encerrado em face da existência, no prédio, de fêmeas e filhotes em estágio de aleitamento.

MAIS UM CARROCEIRO CONDENADO POR MAUS TRATOS

O Juizado Especial Criminal de Pelotas condenou Fábio Juliano Konradt Ferreira a uma pena de 4 meses e 15 dias de detenção, e multa, por ter praticado o crime de maus tratos contra uma égua que estava sob sua guarda, imobilizando-a e agredindo-a repetidamente com um relho. A sentença foi prolatada pelo Juiz de Direito José Antônio da Costa Moraes, o qual, considerando as circunstâncias do caso e a conduta do réu, não substituiu a pena aplicada por pena alternativa. Assim, se for mantida pela instância superior a decisão, o réu terá de cumprir a pena privativa de liberdade no presídio local. Atualmente tramitam diversos casos semelhantes no Juizado Criminal, e o Ministério Público espera que o cadastramento de carroceiros que está sendo feito pela Secretaria Municipal de Trânsito facilite a elaboração de denúncias de maus tratos perante a Promotoria, pois os veículos deverão estar identificados com placa e registrados na Prefeitura.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

GRUPO EDUCA-AÇÃO - COMO LIDERAR? APENAS FALANDO DO LUGAR DE AUTORIDADE?

Este artigo começou a ser pensado a partir das reuniões semanais do grupo Educa Ação, coordenado pela Promotoria da Infância e Juventude, que dentre outras aprendizagens nos oportunizou algumas intervenções com o quadro docente de diferentes escolas, portanto, de diferentes realidades, consequentemente diferentes líderes.
Encontramos líderes com diferentes ideologias: os que entendem que o processo de aprendizagem se inscreve na dinâmica da transmissão de cultura, que constituiu a definição mais ampla da palavra educação e que, portanto, reúne seus professores propondo uma reavaliação do processo pedagógico que vinham desenvolvendo; encontramos, também, causa de nossa preocupação, líderes que rechaçam e menosprezam a capacidade intelectual de sujeitos provenientes de uma privação cultural, que implica em desconhecer situações educativas que são vivenciadas por cada um, em função de ideias, valores, experiências, padrões éticos e morais, principalmente dos sistemas de autoridade e disciplina. Diante disso, entendemos, que cabe a escola re-significar, propondo outros modelos de referência, mas no entanto, vivenciamos realidades que trazem questões, como por exemplo: "Esta comunidade é assim, portanto, não temos como esperarmos resultados positivos de nossas ações, tudo já se fez e nada nos indicou qualquer transformação". Essas colocações nos parecem caracterizar a "Oligotimia Social". "Oligotimia que é a capacidade de aprender a pensar, maciçamente deturpada por desejos de outras ordens, e Oligotimia Social que não poderíamos fazer corresponder com nenhuma classe social em particular" (Fernández.A.). Infelizmente, nós brasileiros – pelotenses, temos muitos exemplos desta patologia.
O alerta se estende e se objetiva numa reflexão sobre os perigos de uma educação restrita, não crítica e antidemocrática.
Em relação ao ensino propriamente dito, salientamos aspectos como: o distanciamento entre professores e alunos com base num vínculo frágil; a metodologia vigente, que, em raras exceções deverá priorizar as máximas do relacionamento interpessoal uma vez que, em detrimento destas teremos um enfoque cognitivo-conteudista que gerará uma juventude mais voltada as coisas e aos dados (não interpretados e/ou relacionados) do que aos valores, as relações entre o vivido e o que se desejará viver, indicando que o processo será muito mais de informação do que de formação.
Neste processo, todo o contexto tem seu peso e, acreditamos, fazer parte da história do sujeito (do que aprende e do que ensina) de forma significativa. No entanto, o que é preciso é o encontro entre duas ou mais pessoas que se dedicam, se empenham em compreender o que está vigente para determinado grupo e cultura.
É uma comunicação que ultrapassa o olhar, o gesto, o falar, o canto, a dança. Mas, que também pode ser tudo isso e muito mais. Agora o comunicar fica numa outra instância. Numa outra dimensão. Comunicar de forma a deixar registro fora de quem comunicou – registro que fique à disposição de qualquer um que queira se envolver com o comunicado mesmo depois de muito tempo, e, por vezes, a distâncias incalculáveis. Comunicar além da arte. Com ou sem arte, mas com a alma, com o querer, o ser, o pensar. Com o desejar de cada um.
Um dos momentos importantes desse processo é a alfabetização que é o fruto do grande envolvimento entre pessoas que tem algo de muito precioso que as difere: uma domina o sistema de representação da língua escrita e a outra possui o domínio da leitura e registros que mantém o sujeito hábil na interpretação de percepções e expressões ricas de significados que fazem o comunicar fora do sistema da leitura e da escrita.
Cabe aqui uma postura ética que deve nortear a intervenção daquele que ensina – o respeito neste conhecimento – que pode ser transformado em crescimento para ambos, porque se fará pelas trocas de experiências com base no vínculo e na construção das estruturas do sistema da linguagem escrita, por aquele que aprende, através de muitas acomodações que visam a "equilibração" dos constructores. Ou seja, a construção do sistema de leitura e escrita vai sendo feita pelo sujeito e este processo é capaz de seguir sua própria evolução de ajustes que promovem a apropriação do sistema. E, todo e qualquer alfabetizando, precisa chegar ao domínio do sistema para usufruir plenamente desta aprendizagem. E, ainda, manter bom vínculo com aquele que ensina para vivenciar esta aquisição com algo bom, sadio e amoroso.
Outro aspecto apontado é a falta de qualificação dos professores, e entendendo que a docência e a pesquisa, como demais funções – supervisão, estudos de casos – realizados sistematicamente, facilitariam, consideravelmente, o entendimento da vivência dos alunos, que na maioria das vezes é muito sofrida.
Reverter esse quadro, resgatando o desejo de aprender de sujeitos já desacreditados, desesperançosos, exige certamente que o profissional que está a frente de uma instituição desenvolva um trabalho contínuo de busca de identidade e competência, pois, a busca de identidade de cada um é, sem dúvida, um processo rico, e a dinâmica, que ocorre para o alcance desta, nem sempre é tranquila. Devemos, também, resgatar, sempre, em ambas as disciplinas, a historicidade dos fatos, das pessoas e das instituições, indispensável ao saber e fazer profissional.
Ainda quanto à questão da liderança, esta deve circular, segundo a natureza da ação, entre todos os membros da equipe.
Liderar é congregar o interesse de pessoas na realização de um projeto, de um sonho, de uma ideia. É estar conectado com o que se acredita ser bom para a comunidade, fazendo com que a equipe se assuma frente ao desafio.
Liderança é uma questão de circunstâncias e independente de poder. Mas, os poderosos creem que liderança seja condição e manutenção do poder.
Quando se assume o poder e se é competente, até podemos liderar. Porém, é bom saber que, também neste caso, a liderança continua sendo uma questão de circunstância.
Finalizando, enfatizamos que aprender é uma questão, também, de relação objetal, de amorosidade, que está eminentemente atrelado a limites, ou seja, traduz a elaboração das trocas que fizemos e fazemos com os outros, com o mundo e conosco mesmo.
"(...) no mundo atual não há potências sem cientistas e não há ciência sem educação popular. A ciência é por outro lado a resultante intelectual da liberdade política (...) Uma potência apoia-se num sistema escolar que dá continuidade Histórica à nação e fabrica seus próprios meios de soberania." (Lima, Lauro de Oliveira).


Ursula Coswig Buss
Psicopedagoga

GRUPO EDUCA-AÇÃO - SOU PROFESSORA, GOSTO DE SER E DA´?

Quantas vezes acordamos o sol.
Quantas vezes nosso corpo se rende a rapidez com que nossa mente trabalha e sucumbe antes mesmo que sintamos ou percebamos como o tempo passou.
Estamos cansadas!
A entrega e o prazer que depositamos em nosso trabalho foi tantas vezes negada que até chegamos a sentir vergonha da nossa condição/profissão. Por anos nos conformamos com a condição de que trabalharíamos para comprar nossos "alfinetes" e, apesar de desempenharmos nossas tarefas com inocente qualidade nos faltava reconhecimento para termos vontade de buscar mais conhecimento e, assim, pararmos de reproduzir a mesma sociedade que os homens nos ensinaram a respeitar e, principalmente, a cultuar e acreditar.
Fizemos por muito tempo um trabalho que, não menos importante, se limitou à "flexão" ao determinado, mas a visibilidade e consciência de nossas ações, como também a efetivação de uma escola para todos, nos remete a "reflexão" densa que adentra o espaço escolar. Deixamos a inocência, o determinismo e as verdades, por vivências, construção e incertezas, todas próprias de um ambiente vivo, rico em novas experiências a todo o momento.
Por tempos nos colocamos como "alguém acima" da sociedade, acima dos nossos parceiros, trabalhadores de outras categorias, pois nós não poderíamos ser comparados a operários, pois para eles e elas sobrava o trabalho pesado, o nosso, ao contrário era "leve". Será?
Passando por todos os estereótipos, rótulos, frases feitas, proibições e libertações, chegamos a esse momento, com muitas perguntas, muitas reivindicações, muita falta de reconhecimento, mas, ainda, muitas de nós com muita vontade de trabalhar com educação.
Por quê?
Observando as ações de alguns educadores, que trabalham o prazer, a criatividade, a afetividade, a autoridade, a autonomia e com autonomia e o conhecimento como quem caminha junto, como quem percebe em si uma solução, como quem vê em seu trabalho a realização de muitos sonhos e a concretização de muitas esperanças, é que me aventuro e me encontro embalada na satisfação, quase poética, de que essa é uma profissão que vale pela importância que tem que não deve valer pelo poder de compra e venda, pois não somos mercadoria e tão pouco devemos ser "cotados" para termos importância.
Não falo aqui somente de professoras que tem bons salários. Existem. Pasmem! Não falo aqui somente de professoras que atuam em escolas que lhes dão apoio material e financeiro para realizarem seu trabalho. Existem. Creiam! Não falo aqui somente de professoras inovadoras que trabalham em escolas que as compreendem enquanto transformadoras. Existem. Eu as conheço! Não falo aqui somente de professoras que tem um belo discurso que disfarça (ou não) um trabalho lastimável. Existem. Digam que não! Não falo aqui somente naquelas professoras que não tem problemas pessoais, financeiros, afetivos etc, etc, etc. Perdoem, mas eu não sei se elas existem, afinal de contas são gente. Ou não¿ Falo também e muito, da dona de casa ou não, da jovem ou não, da que trabalha na escola onde ela se sente só porque suas idéias são tidas como de alguém que ainda vai se decepcionar; falo naquelas que tem vergonha de falar, pois as direções são muito sabidas e inibem suas idéias; falo naquelas professoras que são a esperança da família, a alegria dos pais ou a tristeza de não terem escolhido uma profissão mais "bem paga" (para aqueles que acreditam que o bom trabalho é o que paga mais).
Falo para quem poderia ter optado por aquela idéia e optou por esta; falo para as professoras que em alguns momentos têm vontade de gritar para que talvez alguém escute alguém olhe, alguém veja, alguém entenda e acredite que ser professora é tão bom e tão ruim como "ser" qualquer profissão, que ser professora é ser tão profissional como qualquer outro, e muito mais, porque enquanto uns podem construir mal, obturar ou extrair errado, não curar, nós professores podemos destruir sonhos, que nunca se tornarão certezas, que nunca acontecerão. Por isso precisamos respeitar muito nosso trabalho e nossa função social para conseguirmos sonhar junto com nosso aluno que é aquele que vê, e vê profundamente, em nós a beleza de ser curioso, de descobrir, de ter dúvidas, de ter prazer, de ser feliz.
Depois de todo dia de estudo, reunião, problemas, aulas, diários de classe, dossiês de alunos, telefonemas de casa, contracheque leve, discussões pesadas, risadas, choros, lanches, cotovelos e joelhos ralados, ofensas e carinhos, bilhetes doces, palavras salgadas, olhares, certezas e incertezas, chegamos ao fim do dia.
Hora de colocar o sol para dormir e de acordar as estrelas, acreditando em nosso olhar, em nossos sentidos e em nossa capacidade técnica e afetiva; acreditando "na beleza de ser um eterno aprendiz" junto com aqueles que protagonizam conosco a autoria e a atuação na construção da história do cotidiano escolar, pois eles são a razão do nosso crescimento e das nossas renúncias. São a razão das nossas desilusões, dos nossos sonhos e das nossas realizações, salientando a importância das relações, do ver-se e sentir-se imprescindível para tornar este espaço de convivência mais "encantante" e encantador.

Profª. M. Alice Maria Souza Szezepanski